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  • Foto do escritorFlávia Ferrari

Notas sobre adoecimento e sofrimento psíquico

Aqui falamos bastante sobre a necessidade do olhar para as questões históricas e sociais na análise de qualquer fenômeno. No que tange ao adoecimento e sofrimento psíquico isso não pode ser diferente.


A internet recentemente tem auxiliado na popularização de “dicas” para a identificação de possíveis quadros de ansiedade, depressão, bipolaridade, etc., de maneira geral baseados em sintomas genéricos, como apresentados nos manuais de classificação diagnóstica (irritabilidade, agitação, insônia, etc.) que, buscando uma suposta neutralidade científica, acabam por retirar essas manifestações do contexto social no qual estão inseridas.


Entendemos o adoecimento enquanto expressão particular do processo geral da vida social, como nossa constituição enquanto sujeitos se dá histórica e socialmente, os processos de saúde e doença também estão aí determinados.


Isso não significa negar o aspecto biológico ou psicológico individualmente falando, as pessoas vivenciam de forma particular seja a hipertensão, uma gripe ou a “depressão”, mas implica em compreender que essas vivências não podem ser deslocadas da dinâmica das relações sociais, e de seus condicionantes sócio-históricos ligados à classe social, gênero, raça/etnia, idade, condições de trabalho, etc. Em última instância, vinculados também à estrutura e modo de produção capitalista, suas condições políticas, econômicas e culturais que influenciam, inclusive, nossos modos de adoecer e morrer.


Neste sentido o adoecimento psíquico é tomado aqui e em nossa prática profissional como constituído histórica e socialmente, enquanto desintegração do psiquismo, como alterações dos processos psíquicos, observadas na relação entre atividade, funções psicológicas e personalidade sem as dissociar da dinâmica das relações sociais.


Referência:

ALMEIDA, M. R. A formação social dos transtornos do humor. 2018. 415 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) – Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual

Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, 2018.

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